sábado, abril 24, 2010


[...]

“Querido Charlie, olá. Como foi seu ano?
Charlie, eu tenho algumas coisas pra te falar. Quando nos conhecemos, eu disse que meu noivo tinha terminado comigo. Era mentira. A verdade é que ele morreu. Ele me deixou uma carta dizendo que sentia muito, mas que tinha muita dor. Eu fiquei um caco. Eu não podia aceitar isso, sabe? Então eu comecei a beber, e como você viu, eu não sou muito boa nisso. Eu era constantemente levada pra casa com estranhos em táxis. Foi por isso que o meu pai agiu assim com você. Honestamente, se você chegar algum dia a conhecer ele, você vai ver que ele é um homem muito bom. Eu era muito próxima da mãe do meu noivo. Eu tentei vê-la depois que ele morreu. Ela disse que tinha uma pessoa ótima que queria me apresentar. Ah, isso nem me passou pela cabeça. Então conheci você. Vocês dois são tão confiantes, gentis, fortes, na sua própria maneira. Você até é parecido com ele em várias outras semelhanças. Eram pequenas, mas pareciam importantes. Eu e ele nos conhecemos no metrô. Assim como eu e você nos conhecemos. Como você, ele tinha um lenço. Eu estava muito doente na época. E ele cuidou de mim, como você fez. Assim que você e eu começamos a nos conhecer, eu passei a sentir uma coisa diferente. Eu pensei que era porque vocês eram muito parecidos. Então eu decidi que eu e você iríamos fazer tudo que ele e eu tínhamos feito. Dessa forma seria como se ele nunca tivesse morrido, e a dor pararia. Por que no nosso 33º dia ele levou uma rosa para mim, eu pedi para você fazer a mesma coisa. Por que eu e ele fizemos nossos planos embaixo dessa árvore, eu fiz isso com a gente também. Por que eu e ele tínhamos um restaurante favorito, eu te levei até lá. Por que ele morreu no mar, eu te forcei a cair. E então eu salvei você. Tudo isso foi maluco, egoísta e errado. Eu sei, mas a dor deixa a gente assim. De qualquer jeito não funcionou. Em um determinado ponto eu percebi que eu não gostava de você porque você era parecido com ele. Eu gostava de você, porque você era exatamente quem você é. E toda vez que eu começava a ficar feliz, eu parava. Eu me sentia mal por me sentir feliz, eu me sentia errada. Por esquecer, por não pensar mais nele, nem que fosse só por um minuto. Eu sentia como se estivesse traindo ele. Tudo que eu consegui foi te machucar, Charlie. E essa não sou eu, não sou eu mesmo. Espero poder te mostrar isso. Alguma coisa tinha que ser feita. Pra gente dar certo no futuro, eu tinha que esquecer meu passado. E pra isso eu precisava de tempo. Eu espero estar melhor daqui um ano, e espero estar com você para ler essa carta. Mas se eu não estiver não é porque eu não amo você, porque eu te amo. E não é porque eu não sinto sua falta, porque eu já sinto sua falta. Só significa que ainda não estou bem. E que essa história ainda não acabou. Você vai esperar por mim Charlie?
Eu desejo com todo meu coração que você possa. Com amor, Jordan."
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