sábado, abril 24, 2010


Nikon D3X

Esses dias, levei minha cadela Madyson pra passear pela cidade, ela nunca fica sem passear. Mas dessa vez tive que levá-la cedo pra casa, as ruas estavam tumultuadas demais pro gênio difícil que ela tem. Certo então, entrei no pátio de casa e soltei a coleira, mas meu instinto de Jornalista curiosa não deixou pra depois, voltei pro tumulto; queria saber porque uma cidade tão pacata tinha virado pólo turístico do nada.
Numa das primeiras ruas da “Sessão Cultural”, uma galeria estava sendo usada para uma exposição de fotos velhas. Confesso, não curto muito disso, mas entrei e dei de cara com uma mesa repleta de fotos antigas, cerca de cinqüenta anos de existência. Nelas eu via fotos de Hippies em praias de nudismo, paisagens magníficas fotografadas por câmeras amadoras, festas antigas, roupas antiquadas, pessoas sem roupa, sorrisos, mulheres bonitas, homens jogando frescobol, crianças chorando, cachorros latindo, correndo, todos molhados... Até achei uma foto que eu tinha certeza que era de Madyson. Na placa logo abaixo da mesa havia uma escrita: “Fotografias de Louis de Antuan (fotógrafo amador Francês), encontradas no chão de seu apartamento no Rio de Janeiro, onde residia a alguns anos, ao lado do seu corpo”.
Depois daquilo, fiquei pensando tanta coisa... Cinqüenta anos, apenas cinqüenta anos depois de todas aquelas fotos serem tiradas, a tecnologia invadiu a simplicidade e hoje se tira uma foto daquelas sem ao menos estar no lugar. Se a foto não ficou boa, apagamos ou editamos, nada de filmes pra queimar, fotos desfocadas para serem colocadas fora, nada de fotos espontâneas ou sorrisos sinceros, tudo pose, tudo book, tudo editorial, tudo campanha. Se a foto não deu certo, se apareceu uma espinha ou uma ruga, se a gordurinha do Presidente saltou pra fora, se um míssil não deu certo, taca PhotoShop em tudo que resolve na hora.
Agora fico me perguntando, nos próximos cinqüenta anos tudo vai mudar, lá vem dobrando a esquina mais uma revolução da tecnologia, os PhotoShops mais avançados, as modelos cibernéticas, os computadores de tudo. Então quantos anos demora para um robô da próxima geração encontrar as nossas fotos digitais espalhadas pelo chão do futuro?
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