quarta-feira, outubro 06, 2010


Três Marias

Eu tinha duas. Duas insanas, duas piradas, duas de bem com a vida. Duas enlouquecidamente carentes e extremamente independentes. Dois brilhos, duas luzes, duas estrelas. Dois caminhos, dois espelhos, duas vidas. Duas Marias. Comigo, três.
Tem nome melhor? Marias. Além de abençoadas, inseparáveis.
A primeira: Maria Cristal. Límpida, lapidada, pura, cheia de faces, mas de um brilho só. Tão transparente, tão legível, tão enigmática. Cada passo calculado espontaneamente, cada sorriso forjadamente natural. Se existe alguém nessa vida com algum dom, eu acredito no dela: o da verdade. Uma Maria, quase nada sozinha.

A segunda: Maria Luna. Assim, bem lua mesmo, repleta de mudanças, crescentes e decrescentes. Tal como a lua interfere no mar em suas diferentes fases, essa Maria interfere em tudo. Nada se faz sem o sim ou o não da Luna. Tão completa, tão cheia de si, tão dependente, tão carente, tão nossa. Se existe alguém nessa vida com algum sentimento, eu acredito no dela: o amor. Incondicional, onipresente e constante. Duas Marias ainda não brilham no céu.

A última: Maria Galena. Tão evaporante, tão mutante, tão necessitada. Às vezes, sumida. Mas é a vontade de pensamento, de criatividade, de silêncio poético, de momentos. Irreverentemente apaixonada, perdidamente lúcida. Bipolar, depressiva, ouvinte, parapsicológica, conselheira e migratória. Se existe alguém nessa vida com amigas, eu acredito nas dela: as Marias. Assim, bem completas, bem juntas, “indescoláveis”, “indesgrudáveis”, donas de um só céu e de todas as direções. Três Marias.
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